
Nelson Hoi | 
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É através de guias turísticos locais que muitos visitantes conhecem Macau, descobrem o lado especial da cidade, fruto do intercâmbio de culturas chinesa e ocidental, para além do sector do jogo e entretenimento que tem impulsionado o desenvolvimento da indústria do turismo.
Nelson Hoi iniciou a carreira de guia turístico em língua japonesa há 18 anos. Como sabia japonês, que aprendera no Japão, após ter trabalhado em várias áreas, em 1994, um amigo desafiou-o a experimentar o trabalho como guia turístico. Volvidas quase duas décadas de carreira, apesar dos altos e baixos na indústria turística, Hoi manteve o gosto pela profissão e tornou-se num excelente guia turístico, mais importante ainda, fez muitas amizades.
Quando enveredou na profissão, Nelson Hoi praticamente só acompanhava grupos japoneses. No período anterior ao retorno de Hong Kong houve um grande aumento de turistas japoneses, sendo que, a maior parte dos grupos aproveitava para visitar também Macau. Na altura, as excursões nipónicas vinham umas a seguir às outras. A seguir ao retorno de Hong Kong, o número de excursões do Japão sofreu, todavia, um forte decréscimo. Muitos dos guias japoneses que trabalhavam em Macau regressaram ao Japão e os guias locais que faziam grupos japoneses tiveram de mudar de funções, alguns mesmo de profissão. Na altura, Hoi ficou a trabalhar nos escritórios da agência de viagens e frequentou cursos pós-laborais de aperfeiçoamento para guias turísticos.
Entretanto, deu-se o retorno de Macau, e foi a vez das excursões do Interior da China aumentarem. Como Hoi fala mandarim, por necessidade, passou a acompanhar grupos do Interior da China. Em 2003, o número de visitantes de Macau, sofreu um novo abalo com a "pneumonia atípica". As excursões do Japão, essas só regressaram com a inclusão do Centro Histórico de Macau na Lista do Património Mundial da UNESCO, em 2005. Com o forte desenvolvimento da indústria turística nos últimos anos, Macau também passou a ser escolhido como destino para viagens organizadas por empresas japonesas. Mas com o terramoto e tsunami que atingiram o Japão no ano passado as excursões nipónicas voltaram a diminuir.
Apesar das flutuações na carreira, Nelson Hoi diz que é pelo gosto pela profissão que se mantém como guia, que lhe permite contactar com diferentes tipos de pessoas. Hoi fica sensibilizado com a estima dos excursionistas demonstram por si, alguns ficam seus amigos. Mais de uma dezena de excursionistas de grupos que acompanhou são seus amigos há mais de uma década, gostam muito de Macau e visitam a cidade várias vezes por ano.
Se acompanhasse grupos do Interior da China, Hoi poderia auferir um rendimento mais elevado, mas ainda assim prefere grupos do Japão, porque considera os turistas japoneses mais afáveis. Seja como for, Hoi sublinha que, independentemente do local de origem do grupo, o guia tem de respeitar os princípios orientadores da profissão, prestar o melhor serviço possível aos visitantes, mostrar-lhes o melhor de Macau, para que estes levem consigo boas recordações da cidade.
Tal como todas as profissões ser guia turístico tem o seu lado difícil. Nelson Hoi ilustra a exemplo casos em que, devido ao mau tempo, visitantes ficaram retidos em Macau, gerando clima de tensão e discussões com o guia. Nestas alturas, Hoi procura colocar-se no lugar dos visitantes, ser paciente, explicar claramente a situação e, mais importante, não personalizar momentos menos agradáveis.
Outro aspecto mais exigente, é que o trabalho de guia turístico exige disponibilidade a tempo inteiro. Os visitantes ligam muitas vezes a meio da noite a pedir ajuda: em casos pequenos a pedir ajuda para dar indicações a taxistas, em casos maiores visitantes que perderam o passaporte, ou precisam de tratamento hospitalar.
Devido ao horário de trabalho instável dos guias turísticos, Nelson Hoi aproveita todo o tempo livre que tem para estar com a família. Como a esposa trabalhou como guia turística no passado, compreende a natureza do seu trabalho, e conseguem manter um bom ambiente familiar.
Olhando para o futuro da profissão, Nelson Hoi refere que o baixo salário e regalias dos guias turísticos são problemas que precisam de ser melhorados, apesar dos avanços nos últimos anos, graças ao esforço das associações do ramo. Outro problema que preocupa o sector é o baixo número de jovens a entrar na profissão de guias em línguas estrangeiras. Hoi apela ao governo para dar atenção à necessidade de incentivar mais jovens a entrar nesta profissão fundamental para Macau, enquanto cidade de turismo. Hoi considera que o desinteresse dos jovens pela profissão deve-se, em grande medida, a desconhecimento. Ser guia turístico, assinala Hoi, é uma profissão muito livre, que permite alargar a visão, fazer amizades, basta que o profissional se empenhe, que descobre o encanto da actividade. |