O florescimento da indústria turística nos últimos anos aumentou em flecha as oportunidades de trabalho no sector hoteleiro, permitindo a muitos desenvolver em pleno o seu potencial.
Fonnie Lau, responsável pela direcção de quartos de um hotel, trabalha no ramo de hotelaria há mais de 20 anos. Graças à sua determinação e aposta na formação contínua, hoje é chefia, mãe e também professora. Começou como recepcionista de hotel por achar "divertido". O interesse pelo trabalho foi crescendo, porque gosta de contactos interpessoais e tem aptidão para línguas estrangeiras. Prosseguiu com estudos de inglês em regime pós-laboral. Apesar de cansativo, viveu este período com grande entusiasmo e foi nesta altura que decidiu fazer carreira em hotelaria.
Depois de trabalhar vários anos num hotel-casino, em 1993 Fonnie Lau mudou para o hotel da cadeia internacional onde está. O hotel tinha acabado de abrir e contratou-a para um cargo de gestão. No início sentiu-se insegura, porque não tinha formação específica no ramo. Entretanto, em 2004 graduou-se no Instituto de Formação Turística, o hotel também proporcionou várias oportunidades de formação e, gradualmente, a sua capacidade de gestão foi melhorando notoriamente.
Apesar do esforço para se preparar, Lau deparou-se com situações para as quais não estava pronta. Houve um caso, em que, por instrução da direcção, teve de pedir desculpas a um cliente do hotel, apesar deste não ter razão, com o hotel a ceder em benefício do cliente para apaziguar a disputa, em relação a um desconto numa reserva de quarto. Depois de ter pedido desculpa, Lau sentiu-se humilhada, mas após reflexão no assunto, o caso foi uma lição para si sobre como deve proceder uma chefia.
O empenho de Lau é total, chegou a ir trabalhar depois de partir uma mão, por dedicação e sentido de responsabilidade. A seu cargo, Lau tem a supervisão da recepção, housekeeping, segurança e hidroterapia, quatro áreas com uma cultura e forma de gestão próprias, sendo necessário ter um domínio de cada uma para assegurar um bom funcionamento e qualidade do serviço. Por outro lado, também dá aulas semanalmente no Instituto de Formação Turística, partilhando com os alunos os conhecimentos académicos e experiência de trabalho acumulados, num esforço para contribuir para a formação no sector.
Com o desenvolvimento da indústria turística, Lau refere que a pressão e os níveis de exigência em relação aos serviços hoteleiros é hoje muito mais elevada. A sua atitude é a de não pensar demasiado em quanto é que se vai ganhar ou perder antes de agir, o importante é dar sempre o melhor, manter-se firme em relação ao objectivo, não desistir a meio.
Simon Ip, responsável pela gestão dos recursos humanos e administração de um outro hotel, também não perde muito tempo a calcular se vai ganhar ou perder antes de dar um passo, acolhe bem os desafios, e foi com grande coragem que do mundo da informática que dominava, entrou na área dos recursos humanos.
Formado em Informática, há quatro anos atrás foi trabalhar como subchefe de informática de um hotel, até que no ano passado foi desafiado a mudar de departamento. Ip achou que era uma oportunidade única para poder experimentar outra área e decidiu aceitar o desafio. Resultado: mudaram-no para o departamento de recursos humanos. Apesar de no trabalho da área de informática também ter de lidar com os colegas, na área de recursos humanos os contactos são muito mais complexos, é preciso conhecer as necessidades dos trabalhadores dos diferentes departamentos e encontrar soluções para os ajudar a resolver problemas. Como desde criança que tem facilidade em dar-se com outras pessoas, passado um ano e tal de trabalho percebeu que a área de recursos humanos tem muito a ver consigo.
Simon Ip rapidamente se apercebeu que, além das dificuldades no trabalho, os problemas pessoais e familiares influenciam muito o desempenho dos trabalhadores. Quando necessário, assume o papel de ouvinte, procura compreender as preocupações e ajudar ao máximo os colegas. Ip indica que, apesar de, aparentemente, recursos humanos e informática não terem qualquer relação, recorre muito aos conhecimentos da sua especialidade para optimização das suas tarefas e apoio aos colegas com dificuldade nesta área.
O "recrutamento de pessoal" é o seu maior desafio. A abertura sucessiva de casinos e hotéis em Macau nos últimos anos tem exercido uma enorme pressão sobre os recursos humanos. Como o hotel em que trabalha, que não tem casino, é de cinco estrelas, precisa de manter uma boa qualidade de serviço, não pode baixar os requisitos para contratação de pessoal, por isso é com dificuldade que conseguem contratar o número necessário de trabalhadores.
Fazendo um balanço dos últimos anos, Ip diz que, por vezes, devido à pressão, pensou em demitir-se. Agora percebe que em qualquer local de trabalho se vive este tipo de situações e valoriza, acima de tudo, o bom relacionamento que há entre os colegas. Além de que gosta da localização do hotel, no meio da natureza, e o seu grupo hoteleiro aposta na formação e integração dos trabalhadores.
De acordo com a sua experiência no recrutamento de pessoal, Ip assinala que os locais estão sempre em vantagem - apesar de haver quem pense o contrário -, porque conhecem Macau, o mundo ocidental, o que, aliado à sua capacidade de trabalho, os torna mais competitivos. Ip acredita que as oportunidades são para quem está preparado. Ao mesmo tempo, ninguém se deve limitar a si próprio numa só área de trabalho, devem agarrar as oportunidades e os desafios. Referindo o seu caso como exemplo, Ip conta que depois de ter aceite as novas funções, abriram-se novas perspectivas, encontrou uma nova alegria no trabalho. |